Oficina Ortopédica da Apae de Santarém devolve mobilidade e esperança a vítimas de acidentes de trânsito
27/05/2025
(Foto: Reprodução) Mais de 20 municípios são atendidos pela unidade, que atua como referência em inclusão e reabilitação funcional. Pacientes contam relato de como chegaram na instituição
A oficina ortopédica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Santarém, no oeste do Pará, tem sido o ponto de recomeço para dezenas de pessoas que, após acidentes graves, encontraram ali mais do que próteses: dignidade, acolhimento e a chance de reescrever suas trajetórias.
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A unidade atende pacientes de Santarém e de mais 20 municípios da região do Baixo e Médio Tapajós, oferecendo gratuitamente, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), órteses, próteses, cadeiras de rodas e atendimento especializado.
Prótese é produzida na Apae Santarém
Kamila Andrade/g1
Entre os beneficiados, muitos são vítimas de acidentes de trânsito, como o pizzaiolo Círio Cardoso, que há 12 anos teve a vida transformada após um grave acidente.
“Depois do acidente, soube que aqui na Apae havia esse processo de protetização. Desde então, venho sendo acompanhado por eles. Graças a Deus, consegui voltar a andar, voltei a estudar, formei minha família. Hoje posso dizer que tenho uma nova vida. Se for beber, não dirija. Procure alguém sóbrio. Eu não tive essa consciência e paguei um preço alto”, contou Círio.
Outro exemplo é o de Edivan Oliveira Carvalho, que chegou à Apae após indicação médica. Ele também perdeu a perna em um acidente de trânsito e permaneceu cinco anos em uma cadeira de rodas até ter acesso à prótese.
Círio Cardoso é paciente Apae e foi vítima de acidente de trânsito
Kamila Andrade/g1
“Quando me dei conta, já estava no hospital sem a perna. Foi um choque. A Apae me deu o suporte pra reaprender a andar. Não foi fácil, porque o acidente também afetou minha bacia e meu braço, mas hoje me sinto renascido. A vida vale muito mais que uma bebedeira ou uma imprudência no trânsito", relatou.
Segundo a fisioterapeuta Sara Tapajós, o processo de reabilitação é criterioso e individualizado. “Após a amputação, o paciente precisa esperar a cicatrização completa do coto. Depois, passa por avaliação médica ou fisioterapêutica na Unidade Básica de Saúde e é encaminhado para nossa oficina. Aqui, analisamos se o paciente está apto a receber o dispositivo e iniciamos o treino de marcha”, explicou.
Sara destaca ainda que o acompanhamento continua mesmo após a entrega da prótese: “Muitos não sabem, mas têm direito a manutenções a cada seis meses e à troca do dispositivo a cada um ano e meio ou dois anos, dependendo do caso. A adaptação é um processo contínuo", explicou.
Apae reabilita pacientes amputados
A presidente da Apae Santarém, Jacirene Façanha, reforça que o atendimento vai além da entrega do equipamento. “Recebemos essas pessoas com carinho, porque elas chegam aqui fragilizadas. Não é só uma prótese que entregamos. É um trabalho com alma, que busca dar qualidade de vida. O paciente precisa reaprender a viver com aquele dispositivo, e é isso que oferecemos”.
Jacirene lembra ainda que todo o atendimento é realizado por meio do SUS, com pacientes regulados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). “A demanda é alta, mas nosso compromisso é atender com excelência cada pessoa que chega aqui, pois sabemos o quanto isso representa na vida delas”, finaliza.
Produção
Somente no ano de 2024, a oficina ortopédica da Apae produziu 1.032 dispositivos entre órteses, próteses, cadeiras de rodas, calçados ortopédicos e outros equipamentos. As órteses lideram a produção, representando 50% do total fabricado no ano, com 516 unidades.
Em seguida aparecem os calçados ortopédicos, com 146 unidades (14,1%), palmilhas (133 – 12,9%) e próteses (90 – 8,7%).
Nos últimos anos, a produção cresceu de forma significativa. Em 2021 foram 551 equipamentos produzidos, número que saltou para 839 em 2022, manteve-se em 815 em 2023 e alcançou os 1.032 em 2024, conforme os dados da instituição.
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